sexta-feira, 3 de julho de 2009

Lágrimas e uma Saudade...


Numa daquelas tardes solitárias, em que todos nós, um dia conhecemos.
Eu estava com o olhar perdido num céu que assumia o tom avermelhado e que contribuía para a melancolia que insistia em visitar meu coração.
Mãe.
- Dois anos sem você!
Lembrei da poesia que ganhei em segundo lugar, no antigo primeiro grau.
" Amor, amar...
Chama ardente.
Além de você existe um desejo.
Dentro de mim existe solidão.
A minha alma esconde o que há de mais puro em mim.
Esconde as verdades de um coração triste...
De um coração que chora...
De uma alma perdida, vagando pelo caminho.
Lágrimas da desmedida saudade,
Dor que se fez necessária.
Adeus inesperado me abalou sem piedade.
Lágrimas e uma saudade é o cenário atual da nossa história.
Lágrimas que escorrem pelo meu semblante,
Lavando o meu rosto pela tristeza vivida."

Mãe...
Saudades sem fim.
Minha primeira lágrima, depois de tanta reflexão, saiu pesada, definida, forte e bastante marcante. Falava-me de minha infância, de um quintal tão distante em meu imaginário infantil.
Era a saudade, que eu pedia-lhe então para não mais me visitar.
Mas, não estava tão convencida disto.
É muito bom recordar, sentir o sol em minha face, poder gritar, sorrir, sonhar...
E lembrar de você.
Era bom, era muito bom.
Sentir a presença forte de minha mãe, sempre por perto, eu em total alegria, em época que nada conhecia da vida, apenas o mundo dos meus sonhos infantis.
Sabor de uma infância, a minha infância!!!

Minha segunda lágrima chamava-se medo. Eu havia crescido e um mundo lá fora me esperava, além, muito além, daquela janela cinzenta de meu apartamento. Um mundo a conquistar, um futuro a cuidar.
E eu, em passos cambaleantes, seguia em frente. Não conseguia, no entanto, vislumbrar o destino.
Isto me assustava e me fascinava. O medo então aparecia, querendo minar minhas forças, aconselhando retroceder.
Eu, então, por vezes parava, olhava para trás.
Queria ter a certeza que meu passado estava ali.
E continuava, levando comigo meus sonhos e rejeitando o domínio daquele medo.

Minha terceira lágrima chamava-se emoção.
É doce, quente, terna.
Envolve-me com seu calor, mostra-me minha vida.
É como se eu pudesse tocar meu coração.
Encho-me de alegria misturados aos meus sorrisos.
Falo-me mais de minha maturidade, do caminho percorrido, dos sonhos realizados, dos filhos que não tive.
Meus filhos...
Meus cães.
Nossa!!!
Foram muitos...
Esse amor, completo, cristalino e devastador, fazendo-me uma nova mulher, mais forte, colocando o medo de lado, fazendo-me caminhar à passos decididos, quem diria...
Descobri que hoje a dor e as lágrimas não mais existem.
E sim, a saudade da mulher forte, que colocava o medo de lado e caminhava à passos decididos. E quando ouço essa música é de você que lembro.


Á você mãe,
Com saudades e muito amor...

Mil Beijos.


Carla Souza

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